A passagem do "ciclone bomba" em Santa Catarina entre os dias 30 de junho e 1° de julho provocou um novo recorde nas marcas de velocidade do vento na rede de monitoramento das estações hidrometeorológicas do estado. Imagens de satélite mostram como ocorreu o fenômeno, que deixou um rastro de destruição no Sul do Brasil e causou a morte de 13 pessoas devido a desmoronamentos, afogamentos, quedas de árvores e choque elétrico.
A maior velocidade do vento foi registrada em Siderópolis, no Sul catarinense. No município de 14 mil habitantes, situado a 215 quilômetros de Florianópolis, o vento alcançou a 168,8 km/h na estação que fica na Barragem São Bento em 1° de julho, e no dia anterior foi de 134 km/h. A marca com o registro mais forte era Celso Ramos, com vento de 161,9 km/h, em outubro de 2010.
Os dados constam no levantamento realizado por pesquisadores e meteorologista do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram), vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Segundo a análise, 26% das estações tiveram velocidades superiores a 100 km/h durante a passagem do ciclone extratropical.
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De acordo com o levantamento feito pelos pesquisadores Kleber Trabaquini, Valci Francisco Vieira e a meteorologista Maria Laura Guimarães Rodrigues, outras regiões também tiveram registros significativos como Urupema na Serra catarinense, com 126 km/h, e Indaial, no Vale do Itajaí, que registrou 121 km/h.
Além disso, outras sete estações registraram ventos entre 113 e 117 km/h, e outras nove estações registraram ventos de 89 a 102 km/h.
Segundo os pesquisadores, a combinação de vento, chuva e descargas elétricas potencializaram os estragos. (Veja acima como foram as descargas elétricas captadas pelo satélite meteorológico GOES-16 operado pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos).
O governo de Santa Catarina informou que o ciclone extratropical provocou ocorrências em ao menos 241 municípios e atingiu 1,3 milhão de pessoas. Até a sexta-feira (10), o Sistema de Informação de Desastres indicavam que os prejuízos ultrapassam R$ 682 milhões.
De acordo com a Defesa Civil, em residências os danos representam mais de R$ 54 milhões. Já no setor agrícola os prejuízos superam R$ 322 milhões. Além de provocar o maior dano da história na rede de energia elétrica, deixando quase metade dos catarinenses sem luz.