Se um desavisado assistisse aos minutos finais do empate entre Corinthians e Vasco por 0 a 0, no domingo, jamais imaginaria que o time de camisa preta precisava de um gol para seguir vivo na luta contra o rebaixamento.
Com sete finalizações e 43% de posse de bola, o Vasco em momento algum conseguiu pressionar o rival, que finalizou 12 vezes e controlou a maior parte do jogo. Deu a impressão de que o time disputava uma partida de meio de Brasileiro e considerava o empate um bom resultado. Porém, estava ciente de que a igualdade praticamente decretava a queda para a Série B.
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- Não tem como mentir. O Vasco tem que fazer 12 gols (nota: na verdade, o time precisa tirar 12 gols de saldo em relação ao Fortaleza), o Brasil tomou sete e foi um aborto. Temos que ser realistas e não passar mentira para o torcedor - disse Vanderlei Luxemburgo após o jogo.
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O treinador agora tem campanha idêntica à de Sá Pinto no comando do Vasco no Brasileiro 2020: duas vitórias, quatro empates e cinco derrotas.
Aproveitamento dos técnicos do Vasco no Brasileirão
Treinador |
Aproveitamento |
Jogos |
Vitórias |
Empates |
Derrotas |
Saldo |
Colocação |
Ramon Menezes |
46% |
13 |
5 |
3 |
5 |
0 |
Saiu na 10ª colocação |
Sá Pinto |
30,3% |
11 |
2 |
4 |
5 |
- 9 |
Assumiu em 13º e saiu em 17º |
Luxemburgo |
30,3% |
11 |
2 |
4 |
5 |
-6 |
Assumiu em 17º e está em 17º |
Alexandre Grasseli (interino) |
0% |
2 |
0 |
0 |
2 |
-3 |
Assumiu em 10º e entregou em 13º |
Fonte: ge
Criticado por parar no lance do gol de Thiago Galhardo na rodada anterior, diante do Inter, Leo Gil foi barrado por Luxemburgo. Com Andrey ao lado de Bruno Gomes, o sistema defensivo melhorou. No primeiro tempo, houve dois sustos: um contra-ataque de cinco contra dois desperdiçado pelo Corinthians e um chute de Fagner que parou nas mãos de Fernando Miguel.
O problema era no setor ofensivo. Como de costume, Cano ficou isolado. Talles Magno e Yago Pikachu, que chegaram a subir de produção nos primeiros jogos sob o comando de Luxemburgo, voltaram a evidenciar que sequer se aproximam do nível demonstrado em 2019. Nos primeiros 45 minutos, o Vasco só levou (pouco) perigo em chute de longe de Carlinhos.
No intervalo, já existia o incômodo com a passividade do time em jogo tão importante. Mas havia a esperança de que o Vasco tivesse pelo menos senso de urgência na segunda etapa. Não foi o que ocorreu em campo.
Entre os 14 e os 33 minutos do segundo tempo, Luxemburgo mudou os cinco jogadores mais ofensivos do time. Saíram, pela ordem cronológica, Talles, Andrey, Pikachu, Cano e Carlinhos. Entraram Catatau, Juninho, Gabriel Pec, Tiago Reis e Marcos Júnior.
Mesmo com tantas substituições, o setor ofensivo continuou inoperante. O Vasco só ameaçou em cruzamento de Carlinhos, que acertou o travessão. Já na parte final, o time precisava desesperadamente do gol. Mas quem tocava a bola e rondava a área adversária era o Corinthians. Fábio Santos, Jô e Cazares ameaçaram a meta vascaína.
A chance derradeira de manter o Vasco na briga veio aos 45 minutos, quando Catatau lançou Gabriel Pec, que chutou travado pela defesa. No momento mais importante da temporada, o ataque vascaíno tinha dois garotos da base - Pec e Tiago Reis - e um jogador que disputou o último Carioca pelo Madureira - Catatau. Diz muito sobre a formação do elenco do Vasco para a temporada que acabará no quarto rebaixamento do clube.
Luxemburgo já havia participado de campanhas que levaram à queda, como em 2002, no Palmeiras, mas quinta-feira será a primeira vez que estará à frente de uma equipe no dia do rebaixamento, como ele próprio admite. Terceiro técnico vascaíno efetivo no Brasileiro, ele chegou a São Januário após a 26ª rodada e não conseguiu recuperar o time.
Em sua primeira passagem pelo Vasco, em 2019, Luxemburgo conseguiu evitar com certa tranquilidade o rebaixamento para a Série B. O time terminou aquele Brasileiro em 12º, e o trabalho do treinador foi elogiado. Em 34 jogos na ocasião, a equipe teve aproveitamento de 47%.
Prestes a cair pela quarta vez em 12 anos, o Vasco tem uma receita em comum nessas temporadas: a constante troca de treinadores ao longo da competição.
Treinadores do Vasco
Ano |
No Brasileiro |
Na temporada |
2008 |
Antônio Lopes, Tita e Renato Gaúcho |
Alfredo Sampaio e Romário treinaram no Carioca |
2013 |
Paulo Autuori, Dorival Júnior e Adilson Batista |
Gaúcho no Carioca |
2015 |
Doriva, Celso Roth e Jorginho |
|
2020/21 |
Ramon Menezes, Sá Pinto e Luxemburgo |
Abel Braga no Carioca |
Fonte: ge
Em 2008, o Vasco teve Antônio Lopes, Tita e Renato Gaúcho. Cinco anos depois, os treinadores foram Paulo Autuori, Dorival Júnior e Adilson Batista. Em 2015, o time teve novamente três comandantes: Doriva, Celso Roth e Jorginho.